quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sessão de Pública - Nisa














1 comentário:

  1. Nasci no concelho de Nisa. Já os meus pais e os pais dos meus pais aqui haviam nascido. Vivo em Nisa e, com excepção dos cinco anos de faculdade e um em França, sempre aqui vivi. É aqui que quero continuar a viver. Está feita a introdução e, pelos vistos, cumpro rigorosamente os rígidos critérios definidos por certa candidatura às autárquicas para admitir que alguém possa intervir no território do concelho. Posso, assim, discorrer livremente sobre os estrangeiros e sobre o sangue que me corre ou não nas veias. Pensava eu que estas questões tinham sido enterradas nos escombros da chancelaria a 30 de Abril de 1945 e, com excepção de alguns (poucos, felizmente) saudosos, estariam definitivamente arredadas das discussões sobre o futuro. Descubro, atónita, que afinal não é bem assim e que, não ter nascido no concelho é transformado no mais absurdo e assustador dos argumentos desta campanha eleitoral. Absurdo porque mais do que quem aí nasce, pertence a um território quem com ele todos os dias se preocupa e o ama. Que mais valia tem alguém que tendo nascido aqui, raramente aqui se desloca sobre quem, mesmo oriundo doutro concelho, se envolve nas associações e participa na construção de um futuro melhor? Tenha nascido aqui, em Lisboa, em Paris ou, até, na conchichina, sem chauvinismos absolutamente despropositados, são bem-vindos todos aqueles que, de boa fé e armados com uma enorme generosidade se disponibilizam a trabalhar em prol do concelho. Mais do que surreal, o tema é assustador por tudo aquilo que, sob a capa do amor ao concelho, deixa entrever. A hostilidade aos “estrangeiros” esconde a intransigência, o sectarismo e a incultura de uma candidatura que fez deste tema o seu principal cavalo de batalha. Fomentar o medo e o ódio sempre foi uma arma dos que têm poucos argumentos. A isso a População do Concelho de Nisa contrapõe-se com tolerância, humanismo e o receber de braços abertos a todos os que vêm por bem. E neste sentido, é aí que encontro toda a diferença da CDU.

    Ana Paula

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